Sempre que a gente publica um texto, alguém acha que estamos falando de nós mesmos. E pior, falando a verdade.
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Meu primeiro coach
O primeiro coach a gente nunca esquece. O meu foi Raul Seixas, no período em que ele morou em Caxias, entre 1986 e 1987. Eu ia visitá-lo naquela casa de fundos, no bairro Panazzolo.
O Quarteto Realista-Mágico
Na aurora da minha vida, eu lia. Na parada do ônibus, nas filas de banco ou banheiro, até na sala de aula. Eu precisava recuperar o tempo perdido por ter nascido em Caxias, nos anos 1980, e não em Paris, em 1890… E ler em público era uma forma de me sentir menos estrangeiro, porque eu ia reconhecendo outros leitores.
Sobre o narrador
O narrador de uma obra literária de ficção é, por si, uma criação literária. É como o trabalho de um ator que, quando vai representar um personagem, precisa fazer um estudo das referências desse personagem, da história dele, como ele se movimenta, como fala, o que come, como ele dorme, quem ele ama, quem ele odeia. Isso é um recurso de criação artística que funciona muito bem pra criar um narrador também. Porque isso serve muito pro corpo.
Como caminhar
O caminho das pernas supera o caminho das pedras. É que o caminho das pernas é interno, vai no ritmo do próprio fôlego. Andar a pé é a melhor maneira de evitar seguir os caminhos já traçados. Quem anda a pé faz o próprio destino, literalmente, a cada passo. As pernas não precisam de petróleo ou de estacionamento. Não há muitos casos de acidentes pernísticos e, quando ocorrem eventuais tropeços, eles geram risos.