Rios aéreos, cidade baixa

Décadas atrás, fui amigo de um grupo que se propunha a fazer literatura explorando apenas a banalidade. Um exercício recorrente era escolher de modo aleatório uma pessoa na rua e escrever listas de possibilidades sobre a vida dela. Por exemplo, um homem esperando um ônibus: está indo pra casa, onde o espera um filho desempregado; se fosse meu vô, iria para o INPS; quando criança, queria ser gari ou vendedor de gás, só pra ficar dependurado num caminhão; vai entrar no ônibus e continuar o assunto de ontem (rios aéreos) com o motorista.

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Professor Pozenato 

Quando eu era pequeno, em Caxias, eu pensava no Pozenato com incômodo. Um certo ranço de guri de bairro, que vê qualquer outro como privilegiado. Sempre o Pozenato, eu dizia. A tv só entrevista ele, o único escritor serrano considerado como escritor é ele.

Envelheci, cansei e fui tentar me livrar desse rancor. Ler de fato as obras do Pozenato ajudou. 

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