Tinha um lá que era o vendedor de cavalo. Outro empreendedor de bairro.
Só vendia. Criar, quem criava era outro, lá pra fora. Lá pra fora onde? O Albino não dizia, não sabia.
Tinha um lá que era o vendedor de cavalo. Outro empreendedor de bairro.
Só vendia. Criar, quem criava era outro, lá pra fora. Lá pra fora onde? O Albino não dizia, não sabia.
Um exemplo de empreendedor moderno no bairro é o Diogo, o Tioquinho, como a mãe dele chama.
O Tioquinho é publicitário, designer, fotógrafo, essas coisas. O povo vai atrás dele quando querem abrir uma bodega, uma mercearia, uma cabeleireira. Aí ele mede o espaço entre as letras nos muros de salpico, mistura amarelo com vermelho, rosa com roxo, monta uns banners no computador, que o Tioquinho ele tem um computador.
Outro típico empreendedor de bairro é o cara, ou a mulher, que vive de aluguel. É quase como ser herdeiro, e às vezes é mesmo, a pessoa é herdeira, daí fecha todas.
Vou falar da dona, digamos, Evinha. Que querida, a dona Evinha. Entrava na minha área pra desvirar minhas roupas, que eu estendia assim, sabe, de cabeça pra baixo, de dentro pra fora, aí a dona ia lá e desvirava tudo pra mim, que senão ia morrer minha mãe, minha vó, minha tia.
Uma brincadeira legal de fazer com a literatura é pegar um tipo de texto nada a ver com o que se entende por literatura (digamos um manual de motores, uma receita de remédio) e transformar os elementos-chave, assim:
Bom, meu nome é João Pedro e vou contar a história do sonho que eu sempre tive e ainda tenho.
Bom, eu sou oriundo do município de Arvorezinha, terra da erva-mate e do melhor chimarrão, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Lá tem uma fábrica, uma ferragem, agriculturas e animais. Onde as pessoas gostam muito de trabalhar. Eu não gosto muito de trabalhar, mas é porque é preciso.