Quando eu fui padre

Noventa por cento dos intelectuais serranos foram padres pelo menos uma vez na vida. Até pouco tempo atrás, entrar para um seminário era a única maneira de um filho de colonos estudar além da quarta série. Uns usavam essa boa desculpa simplesmente pra sair da roça. Outros gostaram tanto de estudar que acabaram virando professores, escritores, políticos. Talvez algum tenha virado padre de verdade.

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Sobre o narrador

O narrador de uma obra literária de ficção é, por si, uma criação literária. É como o trabalho de um ator que, quando vai representar um personagem, precisa fazer um estudo das referências desse personagem, da história dele, como ele se movimenta, como fala, o que come, como ele dorme, quem ele ama, quem ele odeia. Isso é um recurso de criação artística que funciona muito bem pra criar um narrador também. Porque isso serve muito pro corpo.

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Porto Alegre, tchau

Como numa música do Kleiton e Kledir, um turista pegava o ônibus na sexta de tarde e ia pra Porto Alegre. Se instalava no hotel Uruguai (duas estrelas apagadas), onde havia uma sacadinha no quarto e um interruptor que acionava a Rádio Farroupilha. Aí um turista fumava um cigarro, olhando a rua melequenta e os prédios descascados, só pra se sentir num conto urbano do Sergio Faraco.

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