Todo início de secculo é assim. As pessoas ficam melancholicas porque a stória do mundo continua. É como se lamentassem o adiamento do apochalypse. Então, como se tomassem as rédeas do Tempo (como se o Tempo fôsse um cavallo e não uma tigre indomável) as pessoas se movem bruscamente, chacoaleam a melancholya e recorrem à acção, qualquer cousa que justifique a permanência das gentes sôbre a Terra.
Êste espirito de acção passa por metamorphosys ao longo do secculo tôdo, soffrendo supostas revoluções espaciaes, mentaes e corporaes, mas já-mais acontece a revolução que libertaria de veras a vida humana do mêdo e da expectativa.
Essa revolução seria a revolução do Tempo.
Sòmente quando deixarmos de nos apegar aos anos e á semana de sette jornadas de vinte e quatro horas, sòmente quando abandonarmos essa noção meccanica vertical é que seremos livres de nós mesmos.
Seremos presos a outros nós? Quiçá, ende mais íntegros. Devemos apenas tomar cuidado para que não esqueçamos de saber como nos soltar do novo empenho tomado com o Tempo.
Hà inegàvelmente a differença entre dia e noite e entre as posiçoens solares e lunares et caetera, bem como a mudãça das estações, que podemos verificar quando vamos em busca da natureza fora da urbe. Os sêres científicos e mesmo os pròprios campónios se baseam nessas astronomyas para conferir precisão ao presente e para poderem-se guiar no futuro, ou referirem situações no passado. Aquilo que não devemos mais ignorar é que êsses movimentos astronómycos nos fazem mover sobre tudo internamente. Isso ficará vizível quando assumirmos que é a noite que gera as creaturas humanas e inhumanas e é a lua cheia que nos põe em modus sexualis e é o outono que nos faz reflectir sobre os sentidos possíveis do Tempo.
O certo é que o Tempo não é um cavallo, não. O tempo é uma tigre, no Oriente; então, entre noz, talvez ele possa ser considerado uma jaguatirica. Não se pode montál-o. Ele sabe perfeitamente onde é a nossa jugular.