Décadas atrás, fui amigo de um grupo que se propunha a fazer literatura explorando apenas a banalidade. Um exercício recorrente era escolher de modo aleatório uma pessoa na rua e escrever listas de possibilidades sobre a vida dela. Por exemplo, um homem esperando um ônibus: está indo pra casa, onde o espera um filho desempregado; se fosse meu vô, iria para o INPS; quando criança, queria ser gari ou vendedor de gás, só pra ficar dependurado num caminhão; vai entrar no ônibus e continuar o assunto de ontem (rios aéreos) com o motorista.
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Resenha da Ospa
Era uma vez um guri, lá do interior, que na casa dele tinha uma geladeira que pegava a rádio Cultura, depois das sete da noite de domingo.
Certa vez, ele estava tomando mate e comendo rapadura de melado, aí a mulher da rádio anunciou que, dali a uns dias, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre ia fazer um concerto.
Professor Faraco
Uma vez me perguntaram o que eu gostava de ler e eu disse Sergio Faraco. Riram porque liam, diziam, Tchekov, Hemingway. Livros complexos, diziam. Daí eu criei vergonha e fui ler Tchekov, Hemingway. Bem tranquilo. É tipo as coisas que o Faraco conta, só que na Rússia ou na França.
Porto Alegre no refrão
Se tem duas palavrinhas que parecem dar liga em refrões musicais são Porto e Alegre.
Tem aquela do Fogaça, também conhecida como “melô do Zaffari”, com uns versos que os interioranos acham ambíguos: Porto Alegre é demais.
Entrevista para a Parêntese
Parêntese – Conta um pouco da tua formação e trajetória profissional, por favor.
Paulo Damin – Na infância eu lia bastante, gostava de escrever e ouvir histórias. Consegui fazer Letras na UFRGS, depois na UFSC. Trabalhei com várias coisas, mas lidar com linguagem é o que me deu mais sentido. Hoje faço tradução, revisão, dou aulas de português, italiano e literatura. Reservo metade do dia para ler e escrever.