Vamos dizer assim: bairroça. Uma periferia colona, um arrabalde rural, no interior do Rio Grande do Sul. Com gente que tinha vaca e entregava leite de casa em casa, com a guria que passava pedindo a lavagem pros porco, a Clair, o nome dela, que só agora, escrevendo o nome, eu me dou conta que é francês: mas nós dizia Claír, assim, no bairroça.
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Indústria e Comércio
Parece mentira, mas tinha dois lá, dois irmãos, que era o Comércio e a Indústria. O pai, diz que ele trabalhou no Clube da Indústria e do Comércio, o homem viu isso e pensou taí, vou botar prosperidade pra minhas crias.
O vendedor de cavalo
Tinha um lá que era o vendedor de cavalo. Outro empreendedor de bairro.
Só vendia. Criar, quem criava era outro, lá pra fora. Lá pra fora onde? O Albino não dizia, não sabia.
Tioquinho tattoo
Um exemplo de empreendedor moderno no bairro é o Diogo, o Tioquinho, como a mãe dele chama.
O Tioquinho é publicitário, designer, fotógrafo, essas coisas. O povo vai atrás dele quando querem abrir uma bodega, uma mercearia, uma cabeleireira. Aí ele mede o espaço entre as letras nos muros de salpico, mistura amarelo com vermelho, rosa com roxo, monta uns banners no computador, que o Tioquinho ele tem um computador.
Direto com o proprietário
Outro típico empreendedor de bairro é o cara, ou a mulher, que vive de aluguel. É quase como ser herdeiro, e às vezes é mesmo, a pessoa é herdeira, daí fecha todas.
Vou falar da dona, digamos, Evinha. Que querida, a dona Evinha. Entrava na minha área pra desvirar minhas roupas, que eu estendia assim, sabe, de cabeça pra baixo, de dentro pra fora, aí a dona ia lá e desvirava tudo pra mim, que senão ia morrer minha mãe, minha vó, minha tia.